A alta do preço da carne, especialmente da rouba do boi, tem sido um dos principais temas no mercado agropecuário nos últimos meses. Em entrevista ao Jornal RDR, Poliano Cardoso, especialista em investimentos e comercialização de commodities, explicou os fatores que estão impulsionando essa mudança e os reflexos para os consumidores.
De acordo com Poliano, o ciclo pecuário, que está em fase de reversão desde 2023, tem sido o principal responsável pela alta no preço da carne. “O pecuarista estava enfrentando uma queda nos preços desde 2020, mas com a redução da oferta de animais, a tendência agora é de preços mais elevados”, afirmou. Ele também destacou a influência externa, como o câmbio, que tem incentivado a exportação da carne bovina, levando a uma escassez no mercado interno e pressionando os preços.
Em relação à soja, Poliano destacou que o Brasil enfrenta uma safra recorde, mas a produção de soja nos Estados Unidos tem influenciado diretamente a alta nos preços da commodity. “A soja, um dos maiores insumos para a alimentação do gado, tem seu preço impactado pela demanda externa, especialmente da China, o que acaba refletindo no custo da carne para o consumidor”, explicou.
O Impacto no Consumidor e no Comércio Local
A alta do preço da carne e de outras commodities tem reflexos diretos no bolso do consumidor, que sente o aumento nos preços de produtos derivados, como o óleo de soja, ração para animais e, claro, na carne em si. Para os comerciantes, a pressão dos custos pode afetar tanto o preço de venda quanto a demanda.
Poliano também falou sobre o impacto da desvalorização do real frente ao dólar, que tem favorecido as exportações, mas gerado um aumento nos preços internos. “É importante que o produtor aproveite as boas janelas de venda, mas também é fundamental que se proteja contra riscos de baixa no futuro, utilizando estratégias de hedge”, ressaltou.
Crédito e Oportunidades para o Produtor Rural
Com relação ao crédito para o produtor rural, Poliano compartilhou boas notícias. Ele anunciou que a região de Caiapônia tem acesso a diversas linhas de financiamento, tanto para pequenos quanto médios produtores, através da Agiliz, uma empresa de crédito que ele fundou. “Temos opções de crédito com taxas favoráveis, como o Pronaf para agricultores familiares e crédito pessoal consignado para a população em geral”, afirmou Poliano, destacando que a agência tem se mostrado uma ponte entre produtores e as melhores oportunidades de crédito.
Entrevista com Poliano Cardoso traz previsões para o setor agropecuário em Caiapônia e região (Foto: Globo Rural)