Nasci literalmente na roça (Fazenda Barreirinho) município de Aurilândia e me mudei para São Luís de Montes Belos com 4 anos de idade, sem perder o vínculo com meu município de origem, onde ainda vivem parentes maternos e paternos.
E, em ambos os municípios, sempre observei o papel preponderante de algumas famílias na política. Realidade também de outras cidades da região. Outrossim, percebo que isso tem diminuído aqui e alhures. Ao longo de décadas, às vésperas de um processo eleitoral, sempre surgiam as interrogações e especulações nas cabeças pensantes das pessoas.
Parafraseando a cientista política Ludmila Rosa, em nossas cidades interioranas até bem pouco tempo os comentários eram assim: “quem a família X vai lançar a prefeito? Ou independentemente de quem eles lancem, o candidato da família Y é imbatível. Ele se juntou com o líder da família Z. E aí complica mesmo. Y + Z = eleição ganha; a menos que os X tragam pra perto de si os W, mas estes estão meio enfraquecidos.”
Destarte nossas cidades ficavam nas mãos de quatro ou cinco famílias. Para o bem da democracia, grande parte dos eleitores está mais antenada e mudando esse comportamento com o intuito de estimular canais de participação popular horizontalizados. São entendedores de que é chegada a hora de tratar o tema com seriedade. Digo isso não por implicância pelo fato de compor uma família sem nenhuma projeção ou inserção na política, mas por entender que precisamos consolidar um modelo de representatividade efetiva por meio da participação popular.
Que em 2024 consigamos, como eleitores, sacramentar essa mudança de postura e elejamos prefeitos e vereadores não por pertencerem determinadas famílias, mas por entendermos que eles representam e defendem o que a coletividade mais necessita e almeja.