Notícias falsas têm mais potencial destrutivo do que vírus e bactérias. A conclusão é da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), para quem a difusão de desinformação na sociedade pode aumentar o número de mortes decorrentes da COVID-19.
“Se uma pessoa começa a divulgar que a vacina tem substâncias tóxicas, que tem um microchip que vai copiar ou rastrear você, uma pessoa que minimamente não consegue se informar vai deixar de se imunizar e se expor a um risco que pode levá-la à morte”, afirma a diretora da SBIm, Melissa Palmieri.
Para ela, é importante combater informações não verificadas e, ao mesmo tempo, divulgar os benefícios da vacinação. “Com toda vacina pode acontecer reações adversas, mas nada que impeça as pessoas das atividades usuais. O benefício de se vacinar é infinitamente maior que o risco de uma reação adversa”, conclui.
Já o estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou que a disseminação de fake news vem reduzindo a cobertura vacinal desde 2013. A grande maioria de publicações inverídicas atribui ineficácia das substâncias ou risco de morte ou sequelas entre os vacinados.
Os pesquisadores analisaram três sites de checagem de notícias, com publicações de 2010 a 2019. Foram encontradas, por exemplo, 20 reportagens com informações inverídicas sobre vacinação, sendo que 63% se referiam à imunização contra a febre amarela – a doença voltou a afetar Minas Gerais em 2017, após ter sido erradicada das áreas urbanas do país há décadas.
O estudo foi publicado na Revista da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP).
Preocupada com a disseminação de notícias falsas durante a pandemia, em março de 2020, a ABERT lançou a campanha para rádio, TV e redes sociais “Desinformação Mata”, que lembra o papel dos veículos de comunicação na prestação de serviço e no combate às fake news, principalmente sobre o novo coronavírus.