Banalizaram as pesquisas

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Assim como diversos tipos de trabalhos que eram realizados de forma minuciosa e se banalizaram, por serem feitos agora sem critério, as pesquisas também sofreram uma queda na qualidade. Aliás, raramente elas podem ser levadas a sério. As autênticas pesquisas científicas que eram realizadas para a coleta de dados antes do advento das redes sociais, deixaram de ocorrer.

Os imediatistas estão agora com a mania de promoverem pesquisas usando a internet, inclusive sobre as eleições. Fico encabulado quando sou abordado por amigos que querem meu comentário acerca de pesquisas e até de enquetes realizadas em redes sociais. Fico sem saber o que dizer para não ofender a pessoa amiga. É que não consigo valorizar um negócio em que os participantes de uma votação sejam seguidores da pessoa que propõe o apanhado de informações. São Pessoas que possuem a mesma linha de pensamento. E depois o (a) responsável pela enquete informa a porcentagem de gente que votaria no candidato tal nas próximas eleições, parecendo que aquilo reflete o que toda a sociedade deseja.

O oba-oba está nos deixando vulneráveis e não estamos analisando os dados que nos chegam. Ao invés disso, já os replicamos como verdadeiros. Para acreditarmos no resultado de uma coleta de informações, inclusive visando eleições, precisamos saber qual é o perfil de quem está sendo pesquisado, como foi seu posicionamento nas eleições passadas, se continua coerente ou mudou de lado, e se mudou, por qual razão. Temos que saber a idade dessa pessoa e onde mora, sua classe social, até porque todas as classes devem ser pesquisadas, inclusive quem não tem acesso à internet. Ou o voto de quem vive de fofocas em redes sociais vale mais do que o voto de quem não frequenta essa praia?

Outra questão é a quantidade de gente que deve ser pesquisada para refletir o pensamento da maioria. A quantidade exagerada de participantes, nem sempre é importante para indicar que o resultado seja confiante. Precisamos de pesquisas qualitativas e não quantitativas. Quem gosta de pesquisar, não tem o direito de agir com irresponsabilidade, ouvindo só seus seguidores. Ainda falta um bom tempo para as eleições 2024. Espero que até lá apareça um instituto sério e com estrutura para realizar pesquisas confiáveis nos municípios de nossa região.