Ministério da Saúde e Fiocruz realizam ações de vigilância de cães em São Luís de Montes Belos (GO)

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Entre os dias 14 e 18 de outubro, São Luís de Montes Belos (GO) recebe mais uma etapa formativa do projeto IntegraChagas Brasil, realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Fiocruz, o Instituto Nacional de Infectologia e a Universidade Federal do Ceará.

Mais de 20 profissionais da equipe de endemias participam da formação “Vigilância Ambiental e Controle da Doença de Chagas – Unidades Cão e Reservatórios”. Com aspecto teórico-prático, a capacitação busca ampliar as técnicas de coleta e de manejo de amostras de sangue de cães na cidade.

Cães não apresentam a doença de Chagas nem a transmitem. No entanto, esses animais podem alertar para a presença de barbeiros infectados por Trypanosoma cruzi, o agente causador da doença de Chagas, em determinada região ou comunidade. Isso significa que nossos cães podem ajudar no cuidado da saúde de nossa comunidade. Em São Luís de Montes Belos, por exemplo, há mais de 5 mil cães, segundo dados da secretaria de saúde.

A formação é coordenada por pesquisadores do Laboratório de Biologia de Tripanossomatídeos (LABTRIP) do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Fiocruz. A doutora Ana Maria Jansen, pesquisadora do LABTRIP-IOC/FIOCRUZ, abordou em sua fala para os agentes de endemias sobre os diversos fatores envolvidos no ciclo de transmissão por T. cruzi e sobre a necessidade de os profissionais possuírem um olhar ampliado para o conjunto de variáveis envolvidas na transmissão do protozoário.

“A gente precisa ampliar o olhar. Precisa ter olhar de detetive para determinar eventuais fatores que podem ajudar a identificar a presença do triatomíneo”, destacou.

A pesquisadora do LABTRIP-IOC/FIOCRUZ, Samanta Xavier, ressalta que a importância de se realizar a vigilância canina e ambiental está atrelada à possibilidade de realizar a detecção precoce da presença de T. cruzi.

“O cão entra como um papel importante por ser o animal mais perto do homem, que está naturalmente mais exposto a essa infecção seja porque se aproxima de ambientes silvestres, por ficar fora de casa e ele ser um animal que tem uma característica por apresentar baixo risco de transmissão porque é um animal que não tem altas parasitemias”, afirma.

Sobre a formação
A etapa teórica do processo formativo começou com uma apresentação sobre um olhar para os atores principais envolvidos com a doença de Chagas (Tripanossoma cruzi, triatomíneos e cães domésticos), com a professora Ana Jansen e Samanta Xavier. Elas discutiram também a vigilância canina e a ambiental.

Tratou-se ainda da coleta de sangue em cães e técnicas de diagnóstico da infecção por Tripanossoma cruzi, com Bruno Silva e Fernanda Alves, também pesquisadores do LABTRIP do IOC/Fiocruz, além da construção de planejamento e definição de áreas por meio de técnicas de geoprocessamento, com Samanta Xavier e Felipe Oliveira.

Segundo Rosângela Cabral, coordenadora de Vigilância em Saúde, a capacitação deve ampliar o olhar e o escopo de atuação dos profissionais que atuam no campo, diretamente com moradores e com animais abordados. A oportunidade de aprendizado, conforme Luciana Alves, agente de endemias, é o principal ganho.

“Eu nunca tinha feito coleta em cão. Isso é uma oportunidade pra gente que trabalha. Estamos aprendendo mais a orientar melhor os moradores da nossa cidade, a tratar melhor nossos animais e aprendendo mais sobre a doença de Chagas e sobre o cuidado com a doença. A equipe estava mesmo precisando desse apoio”, declara.

Visitas às localidades de São Luís de Montes Belos

Desde a tarde do dia 14 de outubro, os agentes de combates a endemias e a equipe do projeto estão visitando localidades do município para realizar a parte prática da capacitação. Eles passam por treinamento de abordagem com as famílias tutoras de cães e sobre a coleta de sangue nos animais. Após essa etapa, retornam ao laboratório para a fase de análise de manejo das amostras coletadas.

Moradores da comunidade de Brasilândia foram os primeiros a receber visitas. Do dia 18 ao dia 25 de outubro, os pesquisadores permanecem na cidade para a implementação do trabalho. A ideia é visitar casas com presença de cães e orientar os moradores. A testagem dos animais é feita apenas com o consentimento dos tutores. O animal não é machucado em nenhum momento. Todo o processo é acompanhado por veterinários.

Sobre o IntegraChagas Brasil

O IntegraChagas Brasil, projeto do Ministério da Saúde, financiado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), tem o objetivo de ampliar o acesso da população ao diagnóstico e ao tratamento da Doença de Chagas no âmbito dos serviços de atenção primária e integração de ações com os serviços de vigilância em saúde.

Graças ao projeto, todas as unidades de saúde de São Luís de Montes Belos realizam testes rápidos para a doença de Chagas. Qualquer morador interessado pode procurar seu posto de saúde ou seu agente de saúde para agendar o teste. O resultado sai em 15 minutos.