Comissão Pastoral da Terra de Goiás Apresenta Preocupações sobre Envenenamento da Água

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A Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Goiás manifestou sérias preocupações em relação ao envenenamento das águas na região, resultado do uso intensivo de agrotóxicos. Uma pesquisa recente, que envolveu a coleta de materiais na região sudoeste de Goiás e comparou dados com outros estados, confirmou a ameaça à vida provocada pelo uso desses produtos químicos.

A CPT de Goiás integra o grupo de trabalho que investigou o problema, culminando na publicação de um documento detalhado sobre os impactos do crescente uso de agrotóxicos nos cursos de água do Cerrado. Intitulado “Vivendo em Territórios Contaminados”, o texto foi elaborado em parceria com a FIOCRUZ, no âmbito da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, divulgando dados alarmantes sobre a contaminação.

Leila Cristina Lima, representante da CPT Goiás, falou aos ouvintes da rede diocesana de rádio sobre essa atividade. Em sua declaração, ela detalhou o desenvolvimento da pesquisa, os métodos de coleta e análise dos materiais, e as preocupações constatadas.

“A pesquisa revelou níveis alarmantes de contaminação das águas pelo uso intensivo de agrotóxicos, colocando em risco a saúde das comunidades locais e a biodiversidade do Cerrado.”

“Foram coletadas amostras de água em diversas localidades do sudoeste goiano, comparando-as com dados de outros estados, o que permitiu constatar a dimensão do problema.”

“A CPT atua em conjunto com diversas organizações e pesquisadores para monitorar e denunciar o impacto dos agrotóxicos, buscando soluções e políticas públicas que protejam o meio ambiente e a saúde das populações.”

O dossiê “Agrotóxicos nas Águas do Cerrado” denuncia o aumento alarmante no uso dessas substâncias desde 2015, com mais de 600 milhões de litros de pesticidas pulverizados anualmente no bioma. As monoculturas de soja, milho e cana-de-açúcar são as maiores consumidoras desses químicos, com a soja respondendo por mais de 63% do total utilizado no país, seguida pelo milho (13%) e pela cana-de-açúcar (5%).

O relatório também destaca a permissividade do Estado brasileiro em relação ao uso de agrotóxicos, apontando a renúncia fiscal concedida ao setor e a recente flexibilização das leis sobre essas substâncias. A possibilidade de aprovação do Projeto de Lei nº 1.459/2022, conhecido como “PL do Veneno”, é citada como um exemplo do afrouxamento das regulações.

A CPT questiona: “O que pensar quando a água de beber é perigosa demais? Ou quando os peixes do rio, fontes de alimento, estão mortos antes da pesca? O que pensar quando as pragas das lavouras de soja são deslocadas para as plantações e árvores frutíferas comunitárias?”

A situação exposta pelo dossiê é alarmante, demandando ações urgentes para proteger o meio ambiente e a saúde das populações afetadas. O envolvimento da sociedade civil e a pressão sobre os legisladores são cruciais para reverter esse cenário e garantir um futuro sustentável para o Cerrado.