Feirantes da tradicional Feira do Produtor de Iporá denunciam a falta de assistência do poder público e relatam precariedade nas condições do espaço onde comercializam seus produtos. Em contato com o Jornal RDR, os trabalhadores afirmam que o local, inaugurado em 2012 com estrutura voltada à agricultura familiar, está atualmente em situação de abandono.
A feira foi criada durante a gestão do então prefeito José Antônio da Silva Sobrinho, como parte do programa Economia Solidária, uma iniciativa do Governo Federal, articulada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), com o objetivo de fortalecer a agricultura familiar. À época, havia uma política federal que dividia o país em territórios e reunia lideranças municipais – os chamados atores locais de desenvolvimento – para planejar investimentos. Em Iporá, o processo foi coordenado inicialmente por Deusdete e, posteriormente, por Silda Lorena.
Por meio dessa articulação, foram conquistados recursos importantes, como a construção de uma cobertura anexa à feira coberta, além de dois caminhões destinados exclusivamente ao apoio da agricultura familiar: um HR-100 baú, que atendia à produção de mel, e um IVECO com carroceria de madeira, usado para o transporte de produtos. No entanto, segundo os feirantes, há cerca de dois anos esses veículos deixaram de ser utilizados para a finalidade original e não estão mais à disposição da agricultura familiar.
Atualmente, a situação se agravou: os produtores afirmam que o espaço está reduzido, utilizando apenas a cobertura e os banheiros do local. Parte da feira, que anteriormente contava com mobiliário de apoio como balança e geladeira, era cedida em regime de comodato, mas o acordo não foi renovado até o momento. Além disso, os feirantes denunciam problemas sanitários, como a presença constante de pombos e pessoas em situação de rua, que dormem e defecam no local, o que dificulta a exposição e comercialização dos produtos.
Apesar das adversidades, os produtores continuam firmes na atividade. A feira acontece todas as quintas-feiras e representa uma fonte essencial de renda para famílias de Iporá e de municípios vizinhos. Tudo o que é produzido nas pequenas propriedades rurais é comercializado ali, fortalecendo o vínculo direto entre produtor e consumidor.
Eles fazem um apelo ao poder público por maior atenção, apoio estrutural e recuperação da proposta original da feira, que tem grande relevância tanto para os trabalhadores do campo quanto para a população urbana que busca produtos frescos e de qualidade diretamente dos produtores.

