Arcebispo de Goiânia, Dom João Justino de Medeiros Silva, primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), disse que o conclave terá “marcas” de papa Francisco em seus debates. Em entrevista à rádio CBN da capital, ele lembrou que quase 80% dos cardeais votantes foram nomeados pelo pontífice, falecido na última segunda-feira (21) aos 88 anos.
Ao todo, 135 cardeais votam no conclave. Todos com menos de 80 anos, eles escolhem de forma secreta na Capela Sistina, sem contato com o mundo exterior (telefone, internet, TV, etc.). São duas votações pela manhã e duas à tarde, até que um dos nomes alcance dois terços dos votos.
Mas ainda sobre Justino, ele afirma que a expectativa é que as marcas também sejam sentidas na próxima gestão. “Muitos processos da igreja são iniciados e continuados. (…) Mesmo com traços pessoais, com o carisma de cada um, o que predomina é a missão”, argumenta. “A missão evangelizadora é a missão da igreja, fugindo do personalismo e buscando o evangelho. E o papa Francisco teve isso muito presente.”
“Um traço muito bonito que muitas pessoas, inclusive nas comunidades, começaram a entender é o que ele chamou de igreja em saída. A ideia de uma igreja que vai ao encontro das pessoas nas realidades mais diferentes, e isto ficou muito forte no ensino dele.” Ele destacou, ainda, que o papa sempre tomou as decisões que cabiam a ele com muita escuta e diálogo. “Ouvia a todos.”
Conclave
O papa Francisco faleceu aos 88 anos, na segunda-feira (21) por insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC). Desde terça-feira (22), cardeais brasileiros que participarão do conclave começaram a ir para Roma, na Itália. Dos oito existentes no País, sete atendem aos critérios para votar no próximo pontífice e estão na lista do Vaticano.
Conforme a Igreja Católica, podem votar no processo – que deve começar em até 20 dias – cardeais com até 80 anos. Os brasileiros que se enquadram são:
Jaime Spengler, 64 anos, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB);
Sérgio da Rocha, 65 anos, Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador;
Odilo Scherer, 75, arcebispo de São Paulo;
Orani Tempesta, 74, arcebispo do Rio de Janeiro;
Paulo Cezar Costa, 57, arcebispo de Brasília;
João Braz de Aviz, 77, arcebispo emérito de Brasília;
Leonardo Ulrich Steiner, 74, arcebispo de Manaus, 74 anos.
Segundo a Conferência Nacional dos Bispos (CNBB), os religiosos embarcam conforme os voos disponíveis.
Cardeais favoritos
Em razão do falecimento do papa Francisco, na madrugada desta segunda-feira, a Igreja Católica já começa a se preparar para o processo que vai eleger o próximo ocupante do Trono de São Pedro. Embora, em tese, qualquer homem batizado celibatário possa ser declarado papa, desde o conclave de 1.378 todos os eleitos faziam parte do grupo de cardeais. Hoje são 252 cardeais.
Edward Pentin, pesquisador e estudioso de assuntos do Vaticano, criou um site com o perfil de cerca de 40 cardeais, entre os mais importantes, e desse rol ele preparou uma lista com os 12 favoritos – sem estabelecer uma hierarquia entre os os mais ou menos cotados. ão há brasileiros nem sul-americanos.
Anders Arborelius, 75 (Suécia);
Angelo Bagnasco, 82 (Itália);
Charles Bo, 76 (Mianmar);
Jean-Marc Aveline, 66 (França);
Luis Antonio Tagle, 67 (Filipinas);
Malcolm Ranjith, 77 (Sri Lanka);
Matteo Zuppi, 69 (Itália);
Péter Erdo, 72 (Hungria);
Pierbattista Pizzaballa, 59 (Itália);
Pietro Parolin, 70 (Itália);
Robert Sarah, 79 (Guiné);
Willem Eijk, 71 (Holanda).
Fonte: Mais Goiás
Foto: Agência Brasil