Em um feito considerado histórico, o Brasil deixou oficialmente o Mapa da Fome. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (29) durante evento internacional realizado em Adis Abeba, capital da Etiópia. A conquista é baseada em dados recentes que mostram que menos de 2,5% da população brasileira vive em situação de subnutrição — limite que retira o país da lista de nações com fome crônica.
O resultado é fruto de políticas públicas adotadas desde 2023, com foco no combate à pobreza, geração de emprego e renda, valorização da agricultura familiar, fortalecimento da alimentação escolar e ampliação do acesso à alimentação saudável.
“Sair do Mapa da Fome era o objetivo primeiro do presidente Lula ao iniciar o seu mandato. A meta era até 2026, mas conseguimos em apenas dois anos”, destacou o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias. “Não há soberania sem justiça alimentar. E não há justiça social sem democracia”, completou.
De acordo com dados da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), aplicada pelo IBGE, cerca de 24 milhões de brasileiros deixaram a condição de insegurança alimentar grave até o fim de 2023.
Essa é a segunda vez que o Brasil sai do Mapa da Fome sob a liderança de Lula. A primeira foi em 2014, após mais de uma década de políticas sociais consistentes. O retrocesso veio a partir de 2018, com o desmonte de programas que voltaram a ser retomados nos últimos dois anos, por meio do Plano Brasil Sem Fome.
Desigualdade regional persiste
Os dados também revelam um Brasil dividido. Enquanto no Sul do país a insegurança alimentar grave atinge cerca de 2% das residências, no Norte e Nordeste os índices chegam a alarmantes 7,7% em alguns estados. Nessas regiões, historicamente mais pobres e vulneráveis, as famílias são as mais afetadas pela falta de acesso regular e saudável à alimentação.
Mesmo sendo uma das cinco maiores potências agrícolas do mundo, o Brasil enfrenta desafios internos para garantir comida no prato de todos. Especialistas apontam que um dos motivos é o foco da produção agropecuária na exportação, o que limita o abastecimento interno. Outro fator é a renda da população, já que milhões de brasileiros ainda não têm condições financeiras de manter uma alimentação básica e nutritiva.
Simões Filho | Rede Diocesana de Rádio
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