Aparecido Eterno jornalista da Rede Diocesana de Rádio.
As eleições municipais, para a escolha dos novos prefeitos e vereadores, não possuem histórico de polarização entre Direita e Esquerda. Haja vista que os eleitores conhecem quem é quem até além do necessário e sempre votaram de acordo com esse conhecimento. Mas o cenário atual está desenhando algo inusitado para este ano.
Até a eleição para a escolha dos novos conselheiros tutelares em 2023 foi polarizada, diga-se de passagem. O candidato (a) se apresentava como “Ista” alguma coisa. Já é percebido em cidades da região, possíveis candidatos se autodeclarando do grupo tal e que, por isso, ele é melhor do que os outros.
Sinto-me tranquilo para fazer essa análise bem imparcial, até porque nunca fui e não pretendo ser “Ista”. Nem quero ser dessa linha ou daquela. Entendo que a profissão que escolhi para exercer não me dá esse direito. Evidente que isso não é crime e muitos colegas pensam diferente e agem de outra forma. Isso é subjetivo. Mas prefiro ser assim. Quero ter bom convívio com todos os “istas”, sobretudo com aqueles que respeitam as opiniões adversas. Nesse caso, os radicais, ou melhor, os sectários nunca terão meu voto.
Se for democrático, se falar bem de si, sem falar mal do adversário, se defender a classe menos favorecida e tiver um currículo de honestidade, tem tudo para ter meu voto.
E por falar em menos favorecidos, os futuros prefeitos precisarão criar estratégias para resolver uma realidade preocupante. Até porque é no município que moramos e cada lugar tem suas particularidades na Economia. Não existe receita única para ser copiada por todos os municípios.
Conforme informações divulgadas pela jornalista Cileide Alves, baseadas em pesquisa realizada pelo IBGE, “Goiás é o único estado do Centro-Oeste com PIB per capita menor que a média nacional em toda sua série histórica, de 2002 a 2021. O PIB per capita médio do país está em R$42.247,52 e o de Goiás em R$37.414,08. No DF, campeão nacional, é R$92.732,27; no Mato Grosso, segundo colocado, R$65.426,10 e no Mato Grosso do Sul, R$50.086,07”.
Ainda conforme a jornalista, Goiás é o 11º na divisão da riqueza entre a população, apesar de ter o 9º maior PIB regional. O estudo de Gobetti mostrou que a renda da elite goiana (0,1% dos mais ricos) subiu 67% acima da inflação entre 2017 e 2022 – nesse período a renda dos mais pobres e da classe média brasileira aumentou só 1,5% além da inflação.
Cileide informou ainda em seu texto que a maior variação da renda desse estrato foi em Mato Grosso (+117%), seguido por Mato Grosso do Sul (+99%), Amazonas (+84%) e Tocantins (78%). A maior variação ocorreu nos estados com predominância no agronegócio. Ao dividir a renda dos mais ricos pela renda da classe média, o estudo concluiu que, em Goiás, a renda do 0,1% é 257 vezes maior que a da classe média.
Nunca fui a favor de prejudicar os ricos que geram empregos, mas sonho em ver ações capazes de beneficiar os pobres. Quem são os pré-candidatos aos cargos de prefeito e vereador que têm projetos para amenizar essa problemática? Estou à espera de suas apresentações. Até porque essa questão de Direita e Esquerda, Bolsonarista e Lulista, para mim está esgotada. O candidato que disser que representa essas bobagens não terá meu voto. Não estou muito animado em ter essa possibilidade, diante do que ocorreu até na eleição do Conselho Tutelar, mas estou torcendo para ter em quem votar este ano.