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Rede Diocesana de Rádio: O que é Cuba?

Escrito por em 28 de setembro de 2019

A rede diocesana de rádio em parceria com a UEG (Universidade Estadual de Goiás) campus Iporá, curso de Geografia produziu uma série sobre Cuba. O professor  Mestre Valdir Specian doutorando em Geografia fez uma visita à aquele país, como parte de um programa da UFG (Universidade Federal de Goiás) estudo para doutorado, e apresentou uma conclusão a partir  atividades naquele pais. Vale a pena ler. 

CUBA – por uma geografia da esperança.

“Vocês querem virar Cuba?”

A pergunta inicial sugere que as pessoas possam ter a opção de se transformar ou (melhor) transformar seu país em outro – vocês querem virar uma França, uma Angola, um Haiti, uma Grécia? Será possível transformar um país em outro? Os bons manuais de diplomacia, acredito, devem ensinar que a soberania dos Estados devem ser respeitadas como princípio fundamental da relação diplomática. Não se transforma um país em outro como uma atitude mágica, mas é possível fazer uma autocrítica de seu país e buscar interpretar – sem equívocos – o que acontece em outros países – procurando soluções comuns para os problemas semelhantes.

Estive em Cuba no período de 07 a 23 de setembro deste ano. A missão científica, objeto da viagem, foi organizada pelo Grupo de Pesquisa Espaço, Sujeito e Existência – Dna Alzira do IESA/UFG e, igualmente, representamos o Curso de Geografia da UEG/Câmpus de Iporá através do Laboratório de Estudos do Ambiente e Território – LEAT/UEG e o Programa de Pós Graduação em Geografia da UFG/Regional de Jataí. Nossa missão foi realizada em conjunto com a Faculdade de Ciências Econômicas e Sociais da Universidade de Granma em Cuba e seu principal foco esteve nas discussões sobre Desenvolvimento Territorial. Antes de falar de Cuba, gostaria de afirmar que: – com o avançar do século XXI e o desenvolvimento da comunicação, do turismo e da inter-relações das pessoas – os países e sobretudo as cidades se tornaram globais/interligadas, portanto com problemas em comum.

Cuba é uma ilha no Caribe que abriga o país (Soberano) com o mesmo nome. O país tem uma extensão territorial de 109.884km² – considerando todo o arquipélago. A população de Cuba é próxima de 11.500.000 hab. O estado de Goiás – a título de comparação – tem uma extensão territorial de 340.106 km² e uma população de 7.000.000 hab. Não vou me estender em comparações, índices etc – essas informações podem ser facilmente encontradas em sites.

A relação entre o número de habitantes e a extensão territorial do país nos permite algumas indicações para análise: 1º taxa de natalidade alta, 2º taxa de mortalidade infantil baixa, 3º expectativa de vida elevada e 4º alta densidade demográfica. Os índices de natalidade e fertilidade (10,7 e 1,7, respectivamente) são relativamente baixos, ou seja, a população idosa tende a aumentar considerando que a expectativa de vida no país é alta (78,8 anos). A mortalidade infantil – cuidados com as crianças – é menor que em muitos países ricos (4,4).

Considerando esses primeiros apontamentos – é possível concluir que o país é próspero, apesar da preocupação com o envelhecimento da população e diminuição da força de trabalho – população econômica ativa. Do ponto de vista da capacidade de consumo, economia de mercado, ou seja, capitalista – o país não está entre aqueles que tem o maior PIB Per Capita do Planeta – este índice é menor que o registrado para o Brasil (11.900 US$, 14.800 US$, respectivamente – 2016). Esses índices parecem contribuir com o difundido nas mídias sociais do Brasil – nesse processo radical da polaridade política (que nada contribui com o país) – um lado vai dizer “está vendo – olha a pobreza de Cuba”.

A grande diferença em Cuba é que PIB Per Capita não é apenas divisão das cifras nas calculadoras e sim uma prática social. A população, em sua maioria, tem o mesmo PIB Per Capita, diferentes de “nosotros” em que uma parcela (pequena) da população é muito rica e toma toda a riqueza gerada e a grande maioria não tem acesso aos recursos produzidos e arrecadados no país e que deveriam ser distribuídos nas formas de educação, saúde e segurança de qualidade, entre outros. No meio temos uma classe média – que acha que é rica – mas a cada dia é mais pressionada/tomada pela dívidas/e difusora do discurso radical.

Mas voltamos a Cuba…

A Revolução Cubana que completou 60 anos – apresentou como meta a perspectiva de universalização da educação, saúde, segurança, moradia. O IDH de Cuba está entre os mais elevados do mundo – mesmo o país vivendo sob um cruel bloqueio econômico imposto pelo governo norte americano e que perdura mais de 50 anos e que no governo Donald Trump se intensificou. A saúde de qualidade, com base na prevenção e a educação pública, gratuita e de qualidade permite o país elevar seu IDH. A política de segurança e soberania alimentar, baseada em um sistema agrário/agrícola de produção coletiva permite que o país, diferente do que é difundido, consiga alimentar toda a sua população. Não é comum encontrar pedintes nas ruas das cidades cubanas.

O bloqueio econômico imposto pelo governo norte americano prejudica o país, pois impede o livre mercado com o mundo, impossibilitando a aquisição de bens e matérias – primas não produzidas no país e a venda dos seus produtos e a geração de divisas para manutenção das contas públicas e investimentos do estado – mesmo assim o país resiste em seu propósito social. Como exemplo do bloqueio econômico – no último dia 25/09 a justiça americana abriu processo contra as empresas aéreas – Latam Airlines e American Airlines por voarem para Cuba, com base em uma lei que estava engavetada a 21 anos. Um suposto proprietário (herdeiro) do Aeroporto de Havana entrou na justiça (americana) solicitando a reparação de seus direitos. Punir as empresas aéreas é uma forma de prejudicar o turismo em Cuba, assim como já é realizado com os Cruzeiros Marítimos que deixaram de atracar nos portos cubanos, sobretudo em Havana.

Andando pelas ruas das Cidades de Bayamo, Camagüei, Manzanillo, Havana e nas “fincas” em Sierra Maestra e conversando com as pessoas comuns é possível constatar que o Cubano tem plena noção de sua realidade, tem formação crítica sobre o seu país e sobre as demais nações – eles conhecem os principais problemas brasileiros. Percebi que as dificuldades estruturais do país – saneamento básico é um destas – são temas de preocupação do cubanos – mas eles mantém a convicção de que o país de hoje é melhor que o país de 60 anos antes.
Andar pelas ruas das cidades Cubanas – mesmo em Havana que abriga mais de 2 milhões de habitantes – e se sentir seguro é um prova de que é possível conquistar e distribuir direitos e deveres para todos. É uma forma de ter esperança em uma Geografia em que mapeamos a igualdade de renda, de acesso a moradia e alimentação e não os mapas da fome, do déficit habitacional.

Cuba tem problemas, talvez seu maior problema é continuar defendendo as convicções da Revolução Cubana para o jovens, esses podem se iludir com a benesses da sociedade de consumo – achando que essa é igualitária e justa.

Nosso país transformar-se em Cuba? – não é possível – mas tenho a esperança de que possamos apreender que investimentos em educação em todos os níveis é chave para o sucesso de um país. Poderíamos aprender que segurança e soberania alimentar são ações fundamentais do estado para seu povo, que moradia não é um favor – mas um direito de todos os brasileiros, que a igualdade social não é aquela pregada “todos podem chegar lá – basta trabalhar” – igualdade social deve ser praticada fazendo com que as parcelas mais pobres da população sejam atendidas com mais atenção e investimentos, devemos entender que estado mínimo não ajuda a melhorar a vida das pessoas mais pobres.

Prof. Valdir Specian.
Laboratório de Estudos Ambientais e do Território – LEAT/Geografia/Câmpus de Iporá. Grupo de Estudos Espaço Sujeito e Existência – Dna Alzira e PPGEO/UFG/Regional de Jataí.

Texto enviado para os sites da Rede Diocesana de Rádio e Jornal Oeste Goiano

Algumas fotos enviado pelo Professor:

 

 

 

 

Reportagem: Pedro Claudio – DRT/GO 1538 – Rádio Rio Claro


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