Não é fácil pedir votos

Aparecido Eterno – 
Jornalista da Rede Diocesana de Rádio

É notório que muitos políticos só aparecem para o eleitor na época de pedir votos. Em outras ocasiões, não são acessíveis. Quando a gente precisa falar com eles, nunca consegue, mas quando eles querem falar conosco, por mais que queiramos nos esconder, eles nos encontram com facilidade. Existem até aqueles que mandam mensagens pra gente diariamente, por meio do Whatsapp, mas nunca visualizam, ou fingem não perceber, quando enviamos alguma coisa, mormente quando trata -se de um pedido de favor.

Dito isso temos que reconhecer que enfrentar o eleitor também não é fácil, principalmente para o cabo eleitoral, que acaba sendo o testa de ferro dos políticos para ouvir as revoltas dos eleitores. Na campanha eleitoral desse ano, eu dediquei parte de uma manhã na observação da realidade de um grupo de pessoas que trabalhava pedindo votos para um determinado candidato.

Pude notar má-reposta, palavrões e até xingamentos que vinham contra as moças que desempenhavam seus trabalhos no centro de São Luís de Montes Belos. Parecia que toda a raiva de 4 anos que as pessoas foram acumulando dos políticos desaparecidos era disparada contra elas, que sorriam ou ficavam constrangidas. Aquela cena me fez entender que em todas as áreas existem os espinhos.

Qualquer que seja nossa escolha, precisamos estar dispostos a enfrentá – los. Contudo, naquele caso específico, os espinhos haviam sido terceirizados. Mais uma artimanha que o político usa, inclusive em grande parte com o dinheiro público, por meio do Fundo Partidário. Parece que essa minha experiência me fez ficar mais contrariado com os políticos, sobretudo aqueles que fazem da política uma profissão. É por culpa deles que o grupo de trabalhadores citado enfrentou aqueles dissabores. Se as políticas públicas estivessem adequadas, inclusive na Educação, com certeza aquelas moças não precisariam se sujeitar àquele tipo de atividade. Ou até poderiam realizar o trabalho, mas por opção e não pela inexistência de outras possibilidades.

E o mais importante é que os eleitores abordados também teriam discernimento que as moças não eram culpadas pela inércia dos políticos. Aliás, com as boas políticas públicas nem os políticos precisariam ser atacados.