A simplicidade que conquista

Aparecido Eterno – 

Jornalista da Rede Diocesana de Rádio

Simplicidade não é sinônimo de competência, contudo gera simpatia, atrai amigos e até eleitores fiéis. Evidente que existe sintonia entre os que agem com estrelismo e prepotência, e isso também pode render votos. Evidente que se existem competência e vontade de servir a coletividade o fato de um líder ser simples ou estrela é algo secundário.

Sou ciente disso, mas me identifico melhor com os políticos simples. E pude constatar em conversas com eleitores seguidores de determinados políticos que uma das qualidades observadas por eles nos líderes queridos é exatamente a simplicidade. Acompanho eleições desde 1982, quando Waldemir Xerife foi eleito prefeito de São Luís de Montes Belos, fazendo visitas aos moradores praticamente sozinho e Iris Rezende foi eleito governador com facilidade, por representar a renovação que o povo almejava. E mesmo em minha tenra idade eu fazia questão de observar o comportamento dos políticos que eu encontrava para entender se eram simples ou estrelas, ou se eram de um jeito e fingiam ser de outro, quando estavam em público.

Claro que nessa longa estrada da vida, cometi alguns equívocos e até injustiças por meio de minhas impressões sobre alguém que imaginei agir com estrelismo e que mais tarde notei que era simples. E também já fui decepcionado por quem eu defini como simples e que depois descobri que não era. Sem a pretensão de estipular o que é certo ou errado, mas de partilhar o que vivenciei e manifestar o tipo de comportamento que me agrada, cito dois homens que, mesmo não estando mais entre nós, estão em minha mente como políticos simples e acessíveis. Além disso, na minha concepção, eles foram exemplos de honestidade. Me lembro de Josias Alves de Almeida, que conheci no início dos anos 80 como prefeito de São Luís de Montes.

Ele dava atenção inclusive para as crianças da época, sem perder a compostura de um líder nato. O acompanhei até os dias finais de sua vida sem perder as oportunidades de ouvir a aprender com suas histórias. Ele gostava de sentar em um banco da Praça Dom Stanislau. E eu adorava aproveitar aqueles momentos para conversar com ele. O outro político que me lembro como exemplo de competência e simplicidade é o governador Maguito Vilela.

Mesmo exercendo o cargo, a gente não tinha dificuldade para entrevistá-lo. Se estivesse caminhando em multidão, fazia questão de parar para atender os repórteres. Certa vez fiz com ele uma entrevista exclusiva. Ficou o tempo todo abraçado comigo e respondendo às perguntas sem pressa. Seu então assessor Ronaldo Coelho não ficava pedindo para encerrar a entrevista, como é comum ocorrer nessas ocasiões. Em 2005, participando de um congresso em Brasília me encontrei com Maguito e o testei para ter certeza de sua simplicidade.

Fiquei perto dele para observar como tratava as pessoas. Sem saber quem era eu, ele fez questão de me dar toda a atenção que um ser humano necessita e merece. Aí tive certeza que minha impressão acerca dele estava correta. Maguito e Josias me ensinaram que a simplicidade faz bem.

Aparecido Eterno
Jornalista e pedagogo, com especializações em Psicopedagogia e Docência Universitária. Atua em programas jornalísticos da Rede Diocesana de Rádio