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Agonia e Glória: Teologia dos Três Dias.

Escrito por em 25 de março de 2024

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO)

Na quinta-feira a Alegria encheu o mundo. Jesus ensinou as duas mais importantes lições do caminho: servir e permanecer com Ele. A esperança do coração nunca esteve tão viva, pois, ao nos mostrar como fazer Ele tirou de nossos corações o medo e a vergonha de realizar qualquer tipo de trabalho. Ensinou que o trabalho feito em liberdade é serviço, e o serviço por amor é o retrato do Céu. Além disso, os primeiros de nós se recordam também que foi naquela noite que o Senhor se deu em Pão e Vinho, e pediu que continuássemos fazendo a mesma coisa, e deste modo, nunca mais estaríamos sozinhos novamente. Infinda a alegria de corações alquebrados e de vidas reconstruídas sobre o patamar da realidade divina. Naquele cenáculo, onde se desfaleceria como um odre, derramando-se por amor, Jesus tomou o pão e o vinho, seu corpo e sangue, e os perpetuou como memória para o mundo. Em meio à trama dos caluniadores, que já o rodeavam como trevas do mundo, Ele forjou como ferro a promessa de sua permanência entre nós.


Na Sexta-feira, as trevas se adensaram e o Senhor desfaleceu, gastando-se como uma vela, despojado de sua fortaleza e refúgio. Julgado pela soberba dos caluniadores, arrancaram-no do rochedo que era seu abrigo, lançando-o ao abismo do lamento e da angústia. Abateram-no com o aterrador veneno da falsidade, tentando ocultar sua promessa sob as tramas da impostura e da vilania.
Nas trevas, o mundo tramava sua queda, mas o Filho não retrocedeu, nem se deixou confundir pela circundante impostura. Na vilania das trevas, Ele foi violado, seu sustento vacilou, e comprometido com o abismo Ele desceu à cova do lamento e do gemido.
O silêncio de sua ausência foi avassalador. Nunca se ouviu nada de mais estridente ou eloquente. Poucos tiveram força para gritar e descrever a inominável subsistência de um mundo sem Deus.


Contudo, não foi o fim, mas o início de uma nova era. O sopro da vida o vivificou, e como uma semente lançada ao solo, Ele ressurgiu como herança do Onipotente. Das profundezas do império das trevas, Ele emergiu, Primogênito da nova criação, potestade sobre toda potência. Ele pacificou o mundo e os corações, jorrando retidão e lealdade, calcando a promessa sobre as ciladas do inimigo.


No Domingo, o exílio da morte recuou, e a tormenta das trevas foi confundida. As colinas se abateram diante de sua majestade, e as gerações o reconheceram como Senhor. Irrigado pelas torrentes da graça, Ele assumiu seu domínio sobre os confins da terra, cobrando tributo da indigência e fazendo florir a justiça. Como um pastor inabalável, Ele conduziu sua linhagem através dos laços do pecado e do tropeço, vigiando-nos a cada passo no caminho da vida. Despertou as asas da esperança, ergueu o preceito da retribuição e destruiu os grilhões do pecado. Inabalável, Ele firmou seu trono sobre as torrentes e brisas, sobre os ventos e o frio, sobre o ardor e a geada.


Nos montes e colinas, Ele estabeleceu sua justiça, fluindo como nascentes de vida. Seu firmamento é imutável, seu abismo excelso, seu esplendor inigualável. Agora, Ele pastoreia os desfalecidos, guiando-os na peregrinação da fé, até o limiar da eternidade, onde o elevado se inclina diante do Justo.
Nas alvoradas da aurora eterna, seu orvalho é bálsamo para as almas cansadas. Ele é invocado pelos humildes, mas apavora o soberbo e o malvado com sua chama. Ele é o Pastor e o Cordeiro, o grão que abala os impérios, o prodígio que invoca a reverência.


Sua linhagem prova o sabor das promessas cumpridas, atordoada pela graça que nunca falha. O espírito descuidado é reerguido, forjado na força do amor compassivo e prostrado diante do Rei dos reis, que modela os caminhos, consola os envergonhados e persegue os sanguinários.
E assim, os seguidores de seus passos não cambaleiam, pois Ele é o pastor fiel, que os guia até o repouso eterno nas colinas da vida.


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