A inocência no uso das camisetas
Escrito por Aparecido Eterno em 27 de junho de 2023
Até as eleições dos anos 90 era comum a distribuição de camisetas por parte dos candidatos com a divulgação de suas fotos, nomes e números. E as crianças adoravam ganhar camisetas.
Por sua vez, os políticos entendiam como interessante os meninos propagarem suas candidaturas. Só que as crianças queriam era camiseta e não estavam nem aí se era de lado A ou B, ou se era do candidato que iria receber votos dos pais.
Lógico que alguns cabos eleitorais que distribuíam as tais camisetas às vezes questionavam os pais do garoto (a) se eles votariam no candidato dele, para depois entregar o que consideravam como presente.
Ao discorrer acerca do tema, me reporto às eleições de 1986, quando Henrique Santillo foi eleito governador pelo PMDB enfrentando o ex–governador Mauro Borges (PDC). Eles protagonizaram aquela memorável eleição. Afinal, ambos os nomes eram excelentes.
Na época as camisetas eram distribuídas pelos candidatos a deputado que representavam os dois grupos e eu, na minha inocência de criança com 12 anos de idade, procurei os dois grupos em busca da minha. Ambos me prometeram para a semana seguinte. Fiquei na expectativa de receber pelo menos uma.
E, por incrível que pareça, as danadas chegaram no mesmo dia. E eu, com o desejo de me vestir com aquela roupa cheia de escritas e fotos, costumava revezá–las como uniforme. Foi quando, inocentemente, eu confundi os fofoqueiros de plantão que ficaram na dúvida e curiosos para saberem para quem meus pais dariam voto naquela eleição.
Me lembro de alguns mais ousados questionarem meu pai se ele era Santillo ou Mauro e ele responder que iria decidir no dia da eleição. Tenho lembrança também que o pai foi nos comícios dos dois, mas dizia que foi por conta dos shows.
Santillo trouxe Milionário e José Rico e Mauro trouxe Chitãozinho e Xororó. Época em que não existia estrelismo por parte dos artistas. Eles cantavam em cima de carrocerias de caminhões. Os palanques eram assim.
Pior que eu não sei para quem meu pai votou naquela eleição. E nunca saberei, pois ele já é falecido. Sobre minha mãe, vou questioná–la ainda hoje. Porém, sem muita esperança que ela se lembre, pois outro dia teve dificuldades para relembrar em quem votou na eleição de 2022. Penso que antes de me responder, ela irá me questionar quem venceu a eleição e aí vai dizer que votou no vencedor. Mas isso é de menos. O importante é que usei as camisetas dos dois lados e confundi a galera.
